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A oftalmologia brasileira e a inclusão e reabilitação do escolar
Dr. Newton Kara José
Editor Científico


Existe hoje no Brasil um importante número de portadores de visão subnormal (ou baixa visão) que necessita de um projeto específico de educação, reabilitação e encaminhamento profissional.

A baixa visão é limitada do ponto de vista funcional e causa de perturbações psicológicas e educacionais, caso não seja tratada em tempo hábil!

Um portador de baixa visão pode ter dificuldade em executar várias atividades, inclusive atividades relacionadas ao dia-a-dia, como alimentar-se, vestir-se, aprendizado… podendo isolar-se do mundo que o cerca.
Mas existe a possibilidade de melhorar a capacidade visual, utilizando habilmente a visão residual. Assim, há um longo caminho entre constatar a baixa visão através de um exame oftalmológico e treinar a utilização da visão residual.

Uma consulta com o oftalmologista normalmente é mais longa em pacientes com baixa visão do que uma avaliação rotineira, exige uma compreensão sobre outra realidade (avaliação sobre sensibilidade de contraste, utilização de auxílios ópticos e não ópticos adequados, tabelas especiais…).

Nos casos mais graves, após o paciente passar pela avaliação com o Oftalmologista deverá ser encaminhado para treinamento, em orientação e mobilidade, atividades de vida diária, atividades educacionais e, futuramente, profissionais; empregando-se técnicas, materiais e professores capacitados a esse atendimento.

Mas como capacitar professores para atendimento adequado aos portadores de baixa visão, e como os oftalmologistas poderiam ter a acesso as informações mais modernas sobre técnicas e utilização de auxílios ópticos no Brasil, com a dimensão deste nosso território?

Foi pensando no portador de baixa visão de todo Brasil que se estabeleceu uma parceria entre o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o Ministério da Educação, e os CAPs (Centro de Apoio Pedagógico).

E como fruto dessa parceria, foram realizados dois cursos de quatro dias de duração para habilitar representantes de cada Estado brasileiro, que irão multiplicar a orientação recebida de como agire com os portadores de baixa visão.

Esses representantes (dois professores e dois oftalmologistas) escolhidos em seus Estados pelos CAPs locais e Secretaria da Educação, tiveram estadia, passagem e custos pagos pelo Ministério da Educação.

Foram oito dias de estudos em que claramente ficou estabelecida a necessidade de identificação da criança com baixa visão, seu encaminhamento para reabilitação e necessidade de inclusão em sala comum.

Assim, juntos, o CBO, o Ministério da Educação, os CAPs, os oftalmologistas e professores, formarão uma corrente para que o escolar portador de baixa visão tenha oportunidade de desenvolver plenamente a sua potencialidade, sociabilidade e cidadania.

Esperamos continuar contando com esse tipo de parceria, que só visa o bem estar daqueles que normalmente são esquecidos.

Esperamos continuar contando com os profissionais que, com boa vontade e espírito humanista, contribuem para que todos sejamos membros ativos e participantes do destino de nossa nação.

Parabéns ao Ministério da Educação, ao CBO, ao CAP e a todos os profissionais envolvidos, por esse trabalho grandioso! E que Deus abençoe a todos!