Espondilodiscite |
Spondylodiscitis |
Marcelo Grandi Teixeira Júnior |
Acadêmico de Medicina da Universidade Gama Filho. |
Margareth Yumi O. Uno |
Professora de Medicina Interna da Universidade Gama Filho. |
Cléia Pernambuco |
Professora de Medicina Interna da Universidade Gama Filho. Mestranda de Gastroenterologia da Universidade Federal Fluminense. |
Cláudio G. de Figueiredo Mendes |
Professor de Medicina Interna da Universidade Gama Filho. Doutor em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo. Chefe do Serviço de Hepatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro |
Endereço para correspondência: Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro – 8ª Enfermaria Serviço de Hepatologia – Prof. Figueiredo Mendes. Rua Santa Luiza 206 Castelo Rio de Janeiro – RJ – CEP 20020-022 – E-mail: claudiofigueiredomendes @hotmail.com – drgrandi@yahoo.com.br Recebido para publicação em 01/2005. Aceito em 03/2005. |
Unitermos: espondilodiscite, osteomielite, infecção do disco intervertebral e corpo vertebral. |
Unterms: spondylodiscitis, osteomyelitis, infection of the intervertebral disc and vertebral bodies. |
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Sumário Espondilodiscite ou espondilite se referem a inflamação e/ou processo infeccioso do disco vertebral e dos corpos vertebrais adjacentes. As vértebras lombares são as mais freqüentemente acometidas (45%), seguidas pelas vértebras torácicas (35%). As manifestações clínicas podem ser agudas ou subagudas, dependendo da agressividade do microrganismo, da resposta imunológica e da idade do hospedeiro. Pode ocorrer demora entre os sintomas iniciais e o diagnóstico. Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus bovis, Streptococcus sanguis, Streptococcus pyogenes e Enterococcus faecalis são os patógenos mais comuns. A infecção se dissemina mais freqüentemente por via hematogênica, podendo ser proveniente do trato urinário ou de sítio pélvico como nas prostatites. Hemoculturas podem determinar o agente, porém podem ser negativas. Biópsia percutânea óssea pode ser utilizada para o diagnóstico e para fornecer material para cultura se a hemocultura for negativa. A incidência da espondilite é maior em adultos acima dos 50 anos. Fatores de risco incluem câncer, diabetes e uso de corticóide. |
Sumary Spondylodiscitis or spondylitis refers to an inflammatory and/or infectious process of vertebral disk and contiguous vertebral bodies. The lumbar vertebrae are most commonly involved (45%), followed by thoracic vertebrae (35%). Clinical manifestations may be acute or subacute, depending of the aggressiveness of the microorganism, immunological response and host age. There is commonly an inordinate delay between symptom onset and diagnosis. Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus bovis, Streptococcus sanguis, Streptococcus pyogenes and Enterococcus faecalis are common pathogen. The infection occur most often from haematogenous seeding. Retrograde spread of infection is purported to occur from a urinary tract or pelvic source such as prostatitis. Blood cultures should be obtained but often are negative. Needle biopsy is essential to substantiate the diagnosis and provide culture material if blood cultures are negative. The incidence of spondylitis is highest in adult 50 years of age and older. Risk factors include cancer, diabetes and corticoid use. |
Numeração de páginas na revista impressa: 59 à 62 RESUMO Espondilodiscite ou espondilite se referem a inflamação e/ou processo infeccioso do disco vertebral e dos corpos vertebrais adjacentes. As vértebras lombares são as mais freqüentemente acometidas (45%), seguidas pelas vértebras torácicas (35%). As manifestações clínicas podem ser agudas ou subagudas, dependendo da agressividade do microrganismo, da resposta imunológica e da idade do hospedeiro. Pode ocorrer demora entre os sintomas iniciais e o diagnóstico. Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus bovis, Streptococcus sanguis, Streptococcus pyogenes e Enterococcus faecalis são os patógenos mais comuns. A infecção se dissemina mais freqüentemente por via hematogênica, podendo ser proveniente do trato urinário ou de sítio pélvico como nas prostatites. Hemoculturas podem determinar o agente, porém podem ser negativas. Biópsia percutânea óssea pode ser utilizada para o diagnóstico e para fornecer material para cultura se a hemocultura for negativa. A incidência da espondilite é maior em adultos acima dos 50 anos. Fatores de risco incluem câncer, diabetes e uso de corticóide. Introdução Espondilodiscite ou espondilite é a infecção do disco intervertebral e dos corpos vertebrais adjacentes. Entre as vértebras, as mais acometidas são as lombares (45%), seguidas pelas torácicas (35%)(1). Pacientes típicos estão entre os 50 e 60 anos de idade e referem hipersensibilidade dolorosa nos segmentos afetados. Devido à inespecificidade dos aspectos clínicos e ao aparecimento tardio dos sinais radiológicos, o diagnóstico nem sempre é fácil. O início das manifestações clínicas pode ser abrupto ou tardio, dependendo da agressividade do microrganismo, da resposta imunológica e da idade do paciente. Co-morbidades como câncer, diabetes, insuficiência renal e hepática e uso de corticosteróide podem predispor a espondilodiscite(2,3). O Mycobacterium tuberculosis é um agente freqüentemente isolado em casos de espondilodiscite. Nesses pacientes não é raro encontramos manifestações pulmonares de tuberculose. Excluindo-se o M. tuberculosis, os agentes etiológicos que mais freqüentemente acometem os adultos são: bacilos gram-negativos, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus bovis, Streptococcus sanguis, Streptococcus pyogenes e Enterococcus faecalis(4). A infecção pode chegar às vértebras por contigüidade ou pela via hematogênica. Quando a disseminação ocorre pela via hematogênica, pode ser proveniente, por exemplo, do: trato urinário, próstata, endocárdio e pele. O uso de drogas injetáveis também pode, ao ocorrer contaminação bacteriana no local da punção, ocasionar infecções das vértebras(4). Quando não for possível a identificação do agente causal por hemocultura, poderá ser utilizada a biópsia percutânea controlada por tomografia computadorizada, método atualmente pouco invasivo e que permite determinar a bactéria causadora do quadro infeccioso.
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Bibliografia |
1. Espada FV, Costa PM, Cunha AL da, Sarmento A, Montes JM, Cruz ME – Espondilodiscite. Acta Medica Portuguesa 2003;16:279-81. 2. Carragee E. Pyogenic vertebral osteomyelitis. J Bone Joint Surg Am 1997 Jun 1; 79(6):874-79. 3. Perrone C, Saba J, Behloul Z,et al. Pyogenic and tuberculous spondylodiscitis (vertebral osteomyelitis) in 80 adult patients. Clin Infect Dis. 1994; 19:746-50. 4. Genta PR, Cigna AC, Meireles LP, Arai MH. Bacterial Spondylodiscitis. Med Gen Med 2(1), 2000 [formerly published in Medscape Orthopaedics & Sports Medicine e Journal 4(1), 2000]. 5. Brook I. Two Cases of Diskitis Attributable to Anaerobic Bacteria in Children. Pediatrics [serial online] 2001 Feb; 107(2):[26 screens]. Available from: URL: http://pediatrics.aappublications.org/cgi/content/full/107/2/e26 6. Maguire J. Osteomielite. In: Braunwald E, Fauci AS, Kasper DK, Hauser Sl, Longo Dl, Jameson Jl, eds. Harrison Medicina Interna. 15ª ed. Rio de Janeiro: Mcgraw-Hill; 2002. p. 876-80. |