Revistas Fase R003 Id Materia 4035






A prática clínica em doenças reumáticas
Eficácia e tolerabilidade da associação transdérmica matricial de estradiol e noretisterona em regime combinado contínuo* na pós-menopausa
Continuous combined transdermal matrix patch delivering estradiol-norethisterone acetate* in post menopause: efficacy and tolerability


Rogério Bonassi Machado
Professor adjunto doutor do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí – SP
César Eduardo Fernandes
Professor livre-docente. Chefe de Clínica Ginecológica da Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC, Santo André – SP.
Edmund Chada Baracat
Professor titular de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP) – SP
Nilson Roberto de Melo
Professor livre-docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) – SP
Abner Augusto Lobão Neto
Alexandre Megale
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp-SP) e Janssen-Cilag Farmacêutica, Brasil.
* Systen Conti® – Janssen-Cilag Farmacêutica.

Endereço para correspondência: Alexandre Megale. Rua Gerivatiba, 207, 9º andar – CEP 05501-900 – São Paulo – SP – Tel.: (11) 3030-4907 – Fax: (11) 3030-4940 – E-mail: amegale@janbr.jnj.com

Copyright Moreira Jr. Editora.
Todos os direitos reservados.

Indexado na Lilacs Virtual sob nº LLXP: S0034-72642008002000002

Unitermos: terapia hormonal, sintomas menopausais, ondas de calor, via transdérmica, estradiol, noretisterona
Unterms: hormone therapy, climacteric symptoms, hot flashes, transdermal route, estradiol, norethisterone

Numeração de páginas na revista impressa: 9 à 16

Resumo


Objetivos: Avaliar a eficácia e tolerabilidade da associação transdérmica de estradiol e noretisterona, em regime combinado contínuo, em mulheres na pós-menopausa. Casuística e Métodos: Foram estudadas 40 pacientes, com média etária de 56,7 anos em estudo prospectivo, aberto e não comparativo. As pacientes receberam a associação de estradiol e noretisterona em regime combinado contínuo pelo período de seis meses, seguidos de extensão por período de mais um ano. Avaliaram-se os sintomas menopausais por meio do índice de Kupperman, além de parâmetros clínicos e ultra-sonográficos (peso, pressão arterial, espessura endometrial) e aspectos relacionados aos eventos adversos e às manifestações cutâneas, através de exame dermatológico. Resultados: Houve melhora global dos sintomas menopausais avaliados pelo índice de Kupperman. A análise detalhada dos sintomas moderados e graves demonstrou melhora significativa dos fogachos, sudorese, parestesia, fadiga, irritabilidade e psicolabilidade, com início ao terceiro mês de tratamento, mantendo-se até o final do período de avaliação. Eritema e prurido no local da aplicação do adesivo foram os eventos cutâneos mais comuns, ocorrendo em 12,1% e 3,0% das pacientes, respectivamente. Discreta taxa de eventos adversos foi observada. Conclusão: A TH transdérmica, contendo estradiol e noretisterona de uso contínuo, mostrou-se efetiva no alívio sintomático em mulheres climatéricas, associando-se a uma discreta taxa de eventos adversos e boa tolerabilidade.

Introdução

A despeito dos benefícios definidos da terapêutica hormonal (TH) no climatério sobre os sintomas vasomotores, prevenção e tratamento da atrofia urogenital e da osteoporose, essa modalidade de tratamento vem sendo bastante discutida nos últimos anos em virtude da publicação de estudos com grande impacto entre médicos e pacientes. Os aumentos nos riscos de câncer de mama e de doenças cardiovasculares foram os principais responsáveis pelo questionamento da TH nos últimos anos(1-3). Em nosso meio, houve decréscimo considerável na prescrição ou indicação da estrogenioterapia no climatério(4).

Passados alguns anos e, após sucessivas reanálises, pôde-se demonstrar que os resultados desses estudos foram extrapolados indevidamente, fazendo crer que todas as modalidades de TH fossem igualmente responsáveis pelos riscos apresentados. A principal divergência entre os novos estudos, fundamentalmente do estudo WHI(1), relacionou-se ao risco cardiovascular. Estudos observacionais mostravam redução no risco de infarto do miocárdio entre usuárias de TH, sendo esse um dos pilares preventivos mais relevantes da hormonioterapia no climatério(5,6).

O mesmo não foi observado nos estudos randomizados e controlados por placebo(1,2). Como resposta à divergência nos resultados foi amplamente discutida a inclusão nesses estudos de mulheres fora do período ideal do início da TH, dando origem ao conceito de “janela de oportunidade”, ou momento mais propício para o início do tratamento, visando benefícios preventivos adicionais(7). Outra questão relevante se referiu aos hormônios utilizados: somente uma formulação foi avaliada, impossibilitando conclusões acerca dos diferentes hormônios, doses e vias de administração.

A utilização da TH pela via transdérmica parece demonstrar impacto diferente, particularmente nos marcadores de risco cardiovascular(8,9). Contrariamente à TH pela via oral, que há repercussões metabólicas associadas à primeira passagem hepática e maior nível de estrona em relação ao estradiol na corrente sangüínea, a utilização transdérmica não determina primeiro impacto hepático e se associa à maior biodisponibilidade de estradiol em relação à estrona(9). Em decorrência das características metabólicas, muitas vezes se têm indicado a via transdérmica em situações particulares, como hipertensão, tabagismo e na presença de fatores de risco cardiovasculares. Estudos demonstram efetividade do uso da hormonioterapia pela via transdérmica sobre a sintomatologia menopausal, bem como efeitos sobre a prevenção da perda óssea(10,11).

O presente estudo teve por objetivo avaliar a efetividade clínica da terapia hormonal transdérmica estroprogestativa, em regime combinado contínuo, bem como aspectos relacionados à sua tolerabilidade.

Métodos

Conduziu-se estudo prospectivo, aberto e não comparativo, incluindo 40 mulheres na pós-menopausa, com média etária de 56,7±6,3 anos, no período de seis meses com extensão de mais um ano, em quatro centros brasileiros.
Caracterizou-se como pós-menopausa a ausência de menstruações por pelo menos 12 meses, em mulheres com mais de 40 anos de idade, apresentando níveis do hormônio folículo estimulante (FSH) acima de 30,0 UI/L.

Observaram-se como critérios de inclusão mulheres não histerectomizadas, com idade entre 40 e 70 anos, menopausa há pelo menos dois anos e ausência de uso de terapia hormonal por, no mínimo, três meses antes da avaliação inicial.

Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes parâmetros: índice de massa corporal (IMC) maior que 30 kg/m2, uso de androgênios, raloxifeno, tamoxifeno, estatinas, diuréticos, barbitúricos, hidantoinatos, carbamazepina, fenilbutazona, meprobamato e rifampicina, espessura endometrial acima de 5mm em avaliação ultra-sonográfica por via transvaginal, mamografia e colpocitologia oncológica anormais, antecedentes pessoais de doença cardiovascular, tromboembolismo venoso ou arterial, dislipidemias, diabetes mellitus, hepatopatias agudas ou crônicas, alcoolismo e doença ativa na pele, em região do tronco, abaixo da cintura.

O protocolo de pesquisa foi previamente aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa dos centros participantes – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, Hospital Santa Marcelina e Instituto de Saúde e Bem-Estar de São Paulo (ISBEM). Todas as pacientes aceitaram participar voluntariamente no estudo, após informação detalhada e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

As pacientes foram primariamente avaliadas por um período de seis meses (fase I), totalizando sete ciclos de tratamento de 28 dias. A fase de extensão (fase II) foi de mais um ano, caso a participante avaliasse como positiva a obtenção de benefícios e se propusesse a continuar o tratamento.

Anamnese, exame físico geral e ginecológico e solicitação de ultra-sonografia transvaginal para avaliação da espessura endometrial foram realizados na primeira consulta. Mamografia e colpocitologia oncótica foram solicitadas na ausência de resultados anteriores, realizados a menos de seis meses da avaliação inicial.

Para a avaliação dos sintomas menopausais foi utilizado o índice de Kupperman(26), classificando os sintomas como ausentes, leves, moderados ou graves.

Após a primeira consulta e realização dos exames complementares, observados os critérios de inclusão e exclusão, as pacientes iniciaram o tratamento, recebendo a medicação para dois ciclos, com adesivo matricial transdérmico contendo a associação de estradiol (3,2 mg, com liberação de 50 µg/dia) e noretisterona (11,2 mg, com liberação de 170 µg/dia) (Systen Conti®, Janssen-Cilag Farmacêutica, Brasil) em esquema contínuo, aplicado duas vezes por semana (a cada três ou quatro dias).

A duração inicial do tratamento foi de seis meses, sendo realizada uma consulta a cada dois meses, para seguimento clínico e fornecimento da medicação do estudo. Em todas as consultas foram analisadas queixas referentes ao tratamento, dados sobre a continuidade e eventos adversos, além da aferição do peso, pressão arterial e realização do exame dermatológico, visando observar eventos específicos sobre a pele no local da aplicação dos adesivos. A avaliação dermatológica incluiu aspectos objetivos referentes à presença de eritema, prurido ou outra manifestação, classificando-os de acordo com sua intensidade, em ausentes, leves, moderados ou graves.

Após o sexto mês de tratamento, além dos procedimentos acima descritos, foi solicitada a avaliação ultra-sonográfica transvaginal.

Ao final da primeira fase do estudo as pacientes foram convidadas a continuar o estudo, por mais um ano. As consultas subseqüentes na segunda fase do estudo seguiram os mesmos parâmetros da primeira fase, sendo também solicitada ultra-sonografia transvaginal ao término do 18º mês de tratamento.

Para análise estatística, os dados qualitativos, como o índice de Kupperman, foram descritos por meio de freqüências absolutas e relativas e analisados através do teste de Quiquadrado de Pearson.

Os dados contínuos, como características clínicas – peso e pressão arterial – foram expressos por meio de medidas descritivas das médias e desvios padrão. A técnica de análise de variância com medidas repetidas foi utilizada para a comparação entre dados contínuos ao longo das visitas. Em todos os testes estatísticos foi adotado o nível de significância de 0,05.

Resultados

Das 40 pacientes selecionadas, sete não completaram a primeira fase do estudo (Figura 1). As exclusões ocorreram devido à perda de seguimento (três casos), violação do protocolo (dois casos) e presença de evento adverso (dois casos). Uma oitava exclusão por evento adverso ocorreu ao término da primeira fase, sendo avaliados os dados desta paciente.

Reação alérgica ao adesivo, sangramento vaginal e espessamento endometrial corresponderam aos eventos adversos responsáveis pela descontinuidade prematura das três pacientes. Assim, 32 pacientes completaram a primeira fase do estudo. Destas, 29 se dispuseram a iniciar a segunda fase, utilizando a medicação por mais um ano. Completaram a segunda fase (um ano adicional de tratamento) 22 pacientes. As exclusões na segunda fase (sete casos) ocorreram por evento adverso (um caso de sangramento, um mioma uterino e um pólipo endometrial), três por perda de seguimento e um por razões não especificadas (Figura 1).


Figura 1 – Fluxo de pacientes nas fases clínicas do estudo.

As características clínicas iniciais do grupo estudado estão expostas na Tabela 1. Houve predomínio da raça branca (77,5%), seguida da negra e oriental. Das pacientes, 70% (28) já haviam utilizado algum tipo de reposição hormonal antes do início do estudo.


DP: desvio padrão IMC: índice de massa corpórea PAS: pressão arterial sistólica PAD: pressão arterial diastólica.


Figura 2 – Número médio de fogachos por dia, antes e durante o tratamento.


* Compreende os seis meses iniciais de tratamento.

Expõe-se, na Figura 2, o número médio de fogachos antes e durante o todo o período de avaliação. Pode-se observar redução estatisticamente significante desde o terceiro mês de tratamento, mantendo-se até o final da avaliação.
Os sintomas menopausais avaliados pelo índice de Kupperman, com ênfase na sintomatologia de intensidade moderada ou intensa, estão delineados nas Tabelas 2 (Fase I) e 3 (Fase II – extensão). O tratamento foi expressivamente eficaz durante todo o período de avaliação, particularmente sobre os sintomas estrogênio-dependentes, como fogachos, sudorese, parestesia, fadiga, irritabilidade e psicolabilidade, em que foram demonstradas diferenças estatisticamente significantes após o terceiro mês de tratamento, com manutenção das melhoras obtidas até o final do estudo.

Observou-se discreto percentual de sangramento durante o tratamento (Figura 3). As taxas foram inferiores a 18%, correspondendo, na maior parte dos casos, a sangramento tipo spotting, sem relevância para as pacientes que o relataram.

Durante todo o período de observação do tratamento não se demonstrou variação significativa nos níveis pressóricos e no peso corporal (Figura 4).


Figura 3 – Percentual global de sangramento durante o tratamento.


Figura 4 – Evolução das médias dos níveis pressóricos e do peso corporal ao longo de 18 meses de tratamento. P = NS para todos os parâmetros mostrados.


* Compreende os 12 meses de extensão da avaliação **5 e ***4 pacientes sem dados para estes parâmetros.

A espessura endometrial média, obtida por ultra-sonografia transvaginal, antes e após os seis primeiros meses de tratamento foi de 2,94 ± 1,59 mm e 4,12 ± 2,19 mm, respectivamente. As pacientes que completaram a segunda fase do estudo tiveram espessura endometrial média de 4,50 ± 2,72 mm ao final de 18 meses.
Questões acerca do adesivo foram avaliadas pelo exame no local da aplicação, em que se observou eritema leve em 12,1% (quatro pacientes) e prurido em 3,0% (uma paciente) durante o estudo. Todas as pacientes consideraram o adesivo “confortável” ou “muito confortável”.

Os eventos adversos relatados foram de discreta intensidade e bem tolerados. Não se observou evento adverso grave. Os principais achados se referiram principalmente a cefaléia e mastalgia (Figura 5), além de lombalgia, náusea, sangramento genital e prurido.


Figura 5 – Porcentagens dos eventos adversos não especificados e dos principais ocorridos em relação aos meses de tratamento.

Discussão

Embora os estudos que contestam os efeitos cardiovasculares da TH não estejam isentos de críticas, consideram-se, na atualidade, como benefícios definidos da hormonioterapia, o alívio sintomatológico, a prevenção e tratamento da atrofia urogenital e da osteoporose, que fundamentalmente regem as indicações hoje existentes para este tratamento(7). A sintomatologia mais característica do período, representada pelas ondas de calor ou fogachos, ocorre em cerca de 75% das mulheres, podendo ocorrer mesmo antes da menopausa(12).

Os estrogênios são utilizados em doses capazes de manter níveis plasmáticos suficientes para aliviar os sintomas vasomotores, reverter a atrofia urogenital e prevenir a osteoporose. Sabe-se da experiência clínica, que esses objetivos são atingidos quando os níveis estrogênicos plasmáticos em mulheres menopausadas se assemelham aos observados na fase folicular inicial de mulheres no menacme. Os estrogênios podem ser administrados por via oral ou não oral, incluindo a via transdérmica.
Ao se comparar o estradiol isolado pela via transdérmica com estrogênios conjugados por via oral, não se encontrou diferença significativa no alívio dos fogachos(13).

A TH transdérmica se mostrou eficaz na redução de todos os sintomas menopausais avaliados por escalas objetivas(14-16). No presente se avaliaram fundamentalmente os sintomas menopausais por meio do índice de Kupperman, corroborando os resultados anteriores. Adicionalmente, destacou-se a efetividade do tratamento avaliando-se detalhadamente os sintomas menopausais de intensidade moderada e grave. Os sintomas predominantemente estrogênio-dependentes – fogachos, sudorese, parestesia, fadiga, irritabilidade e psicolabilidade – foram os que obtiveram melhora significativa, mantendo-se estáveis durante todo o tratamento.

Observou-se diminuição importante dos sintomas na primeira fase do estudo com manutenção desta redução na fase de extensão do protocolo. Ressalte-se que essas manifestações são comumente observadas em pacientes climatéricas, prejudicando substancialmente a qualidade de vida das mulheres nesse período.

As reações cutâneas são freqüentemente apontadas como fatores complicadores do uso da TH pela via transdérmica. Eritema no local da aplicação foi observado em 36% das mulheres que utilizaram os primeiros sistemas transdérmicos, de reservatório(17). Outros autores relataram irritação local em 15% a 20%(18,19). Com o advento dos adesivos matriciais se pode observar menores taxas de reação local(20). Considerando-se o presente esturdo, os resultados mostraram eventos cutâneos discretos (eritema leve em 12,1% e prurido em 3%). Pôde-se ainda observar que a totalidade das pacientes considerou o adesivo “confortável” ou “muito confortável”, em concordância com os achados de Corson(20).

O uso da TH combinada contínua pressupõe que o progestagênio propicie transformação atrófica do tecido endometrial, atuando através de mecanismos que incluem a redução da síntese de DNA pela célula endometrial, antagonização dos efeitos estrogênicos por diminuição de seus receptores e por ativação da enzima 17-b estradiol desidrogenase, que transforma estradiol em estrona(21-24). Dessa forma, obtém-se, na maioria das vezes, amenorréia ao longo do tempo. Estudos utilizando diferentes vias de administração em regime combinado contínuo demonstram cifras de amenorréia ao redor de 85% ao final do primeiro ano de tratamento(25). Pôde-se demonstrar, nessa casuística, índice de amenorréia próximo a 88% ao longo de um ano, concordante com o observado na literatura pertinente.

Corrobora esse aspecto clínico a presença de espessura endometrial, avaliada pela ultra-sonografia transvaginal, menor que 5 mm, em média, ao final do tratamento. Embora não tenha sido propósito do estudo a investigação histológica endometrial, sabe-se que a espessura endometrial menor que 5 mm se associa fortemente a endométrio inativo, mostrando efetividade na proteção endometrial com esta associação hormonal utilizada.

A proteção endometrial foi avaliada com diferentes doses de noretisterona(9). Alguns estudos(9,27,28) demonstraram que a liberação diária de 170 µg de noretisterona foi suficiente para promover proteção endometrial. A menor dose de progestagênio suficiente para proteção endometrial é uma tendência atual(7), de forma que o componente progestagênico da TH não antagonize os benefícios da estrogenioterapia.

A baixa taxa de eventos adversos, assim como a intensidade e ausência de repercussões relevantes demonstraram aspectos positivos quanto à tolerabilidade. Utilizando a mesma formulação, Rosenberg(9) observou taxas de cefaléia de 10,6% e mastalgia de 6,5% em um ano de avaliação, semelhante a aquelas observadas nesta avaliação.

Conclusões

A TH transdérmica contendo estradiol e noretisterona de uso contínuo se mostrou efetiva no alívio sintomático em mulheres climatéricas avaliadas por um ano e meio de tratamento, associada a uma discreta taxa de eventos adversos e boa tolerabilidade.

Agradecimentos

Este artigo é dedicado, em homenagem especial, ao prof. dr. Salim Wehba, entusiasta pioneiro da introdução e estudo da TH transdérmica entre a comunidade ginecológica brasileira. Este estudo foi realizado através dos recursos financeiros e suporte científico da Janssen-Cilag Farmacêutica.




Bibliografia
1. Writing group for the women’s health initiative investigators. Risk and benefits of estrogen plus progestin in healthy postmenopausal women. Principal results from the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2002 288:321-33.
2. Women’s Health Initiative Steering Committee. Effects of conjugated equine estrogen in postmenopausal women with hysterectomy: the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2004 291:1701-12.
3. Beral V. Million Women Study Collaborators. Breast cancer and hormone-ment therapy in the Million Women Study. Lancet 2003 362:419-27.
4. Machado RB, Fernandes CE, Maia E, Melo NR, Baracat EC. Hormone therapy following the Women’s Health Initiative (WHI) study: perception of gynecologists in Brazil. Minerva Ginecol 2005 57:563-8.
5. Bush TL, Barrett-Connor E, Cowan LD, Criqui MH, Wallace RB, Suchindran CM, et al. Cardiovascular mortality and noncontraceptive use of estrogen in women: results from the Lipid Research Clinics Program Follow-up Study. Circulation 1987 75:1102-9.
6. Grodstein F, Manson JE, Colditz GA, Willett WC, Speizer FE, Stampfer MJ. A prospective, observational study of postmenopausal hormone therapy and primary prevention of cardiovascular disease. Ann Intern Med 2000 133:933-41.
7. Fernandes CE, Pereira Filho AS, Machado RB. Controvérsias da Terapêutica Hormonal (TH) na Mulher Climatérica – Consenso da SOBRAC – Associação Brasileira de Climatério – TH na Peri e na Pós-Menopausa.
1ª. Ed., Medcomm, São Paulo, 2004.
8. Canonico M, Oger E, Plu-Bureau G, Conard J, Meyer G, Levesque H, et al. Estrogen and Thromboembolism Risk (ESTHER) Study Group. Hormone therapy and venous thromboembolism among postmenopausal women: impact of the route of estrogen administration and progestogens: the ESTHER study. Circulation 2007 115:840-5.
9. Rosenberg S, Ylikorkala O, Arrenbrecht S. Comparison of continuous and sequential transdermal progestogen with sequential oral progestogen in postmenopausal women using continuous transdermal estrogen: vasomotor symptoms, bleeding patterns, and serum lipids. Int J Fertil Womens Med 1997 42(Suppl 2):376-87.
10. Lubbert H, Nauert C.Continuous versus cyclical transdermal estrogen ment therapy in postmenopausal women: influence on climacteric symptoms, body weight and bleeding pattern. Maturitas 1997 28:117-25.
11. Cetinkaya MB, Kokcu A, Yanik FF, Basoglu T, Malatyalioglu E, Alper T. Comparison of the effects of transdermal estrogen, oral estrogen, and oral estrogen-progestogen therapy on bone mineral density in postmenopausal women. J Bone Miner Metab 2002 20:44-8.
12. Ravnikar V. Physiology and treatment of hot flushes. Obstet. Gynecol 199075:3S-7S.
13. Place VA, Powers M, Darley PE, Schenkel L, Good WR. A double-blind comparative study of Estraderm and Premarin in the amelioration of postmenopausal symptoms. Am J Obstet Gynecol. 1985 152(8):1092-9.
14. Maclennan A, Lester S, Moore V. Oral oestrogen ment therapy versus placebo for hot flushes (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 3, 2002. Oxford: Update Software.
15. Akhila V, Pratapkumar. A comparison of transdermal and oral HRT for menopausal symptom control. Int J Fertil Womens Med 2006 51:64-9.
16. Samsioe G, Dvorak V, Genazzani AR, Hamann B, Heikkinen J, Mueck AO, et al. One-year endometrial safety evaluation of a continuous combined transdermal matrix patch delivering low-dose estradiol-norethisterone acetate in postmenopausal women. Maturitas 2007 20 57:171-81.
17. Utian WH.Clinical experience with transdermal estradiol in the treatment of the climacteric. Minerva Endocrinol 1989 14:45-8.
18. Keller PJ, Hotz E, Imthurn B. A transdermal regimen for continuous combined hormone ment therapy in the menopause. Maturitas 1992 15:195-8.
19. Youngkin EQ. Estrogen ment therapy and the estraderm transdermal system. Nurse Pract. 1990 15:19-26, 31.
20. Corson SL. Clinical experience with Systen, a new transdermal form of hormone ment therapy. Int J Fertil Menopausal Stud. 1993 38 (Suppl 1):36-44.
21. Whitehead MI. The effects of oestrogens and progestogens on the postmenopausal endometrium. Maturitas 1978 1:87-98.
22. Whitehead MI, Mcqueen J, King RJB et al. Endometrial and biochemistry in climacteric women during oestrogen and oestrogen/progestogen therapy. J R Soc Med 1979 72:322-27.
23. King RJB, Townsend PT, Whitehead MI et al. Biochemical analysis of separated epithelium and stroma from endometrial of premenopausal and postmenopausal women receiving estrogens and progestins. J Steroid Biochem 1981 14:979-87.
24. Lane G, Siddle NC, Ryder TA et al. Dose dependent effects of oral progesteron on the oestrogenized post menopausal endometrium. Br Med J 1983 287:1241-5.
25. van de Weijer PH, Mattsson LA, Ylikorkala O. Benefits and risks of long-term low-dose oral continuous combined hormone therapy. Maturitas. 2007 56(3):231-48.
26. Kupperman HS, Welchler BB, Blatt MHG. Contemporary therapy of the menopausal syndrome. JAMA 1959 171:1627-1637.
27. Johannisson E, Holinka CF, Arrenbrecht S. Transdermal sequential and continuous hormone ment regimens with estradiol and norethisterone acetate in postmenopausal women: effects on the endometrium. Int J Fert 1997 42(Suppl 2):388-398.
28. Ylikorkala O, Rozenberg S. Efficacy and tolerability of fully transdermal hormone ment in sequential or continuous therapy at two doses of progestogen in postmenopausal women. Maturitas 2000 37:83-93.